quinta-feira, 13 de março de 2014

Origem e métodos de Yoga

[7h:ter/qui - professora Zélia]
(pesquisa: Vera)

A origem do Yoga, segundo lendas mitológicas, remonta à vinda dos deuses ao planeta Terra e aqui o deixaram para que o ser humano evoluísse e transcendesse a sua condição humana. Outras teorias propõem que o Yoga tenha pertencido a uma antiga cultura já extinta, semelhante à dos antigos lemurianos e atlantes. Existe ainda o conceito de "inconsciente coletivo", que foi bastante reforçado pelo psicólogo suíço Cad Gustav Jung, e que nos parece, de todos os conceitos sobre a origem do Yoga, o que melhor se compatibiliza com o fato de que o Yoga não pertence a um determinado momento do "tempo" ou "espaço".
Mitologicamente, o Yoga foi cantado nos Puranas (fábulas e lendas), que afirmam que certa vez o Deus Shiva (um dos aspectos da trindade hindu) ensinava sua esposa Parvati as posições: (asanas) do Yoga a beira de um lago e um peixe (matsya) que observava Shiva e Parvati praticando os exercícios, os imitou e evoluiu até se transformar em Homem. o Yoga propriamente começa a partir do momento em que há a "parada dos pensamentos" (Yoga chitta vritti niroddhah) e o praticante passa a desfrutar da meditação (dhyana) e atinge o objetivo máximo do Yoga, controlando a vontade, suprimindo totalmente os movimentos, mecanismos e modificações da psique. Atinge-se, dessa forma, não somente a suspensão das ideações, como também a libertação dos estados condicionados da consciência, tendo-se, a partir de então, controle sobre as atividades do espírito. Sendo assim, a parada total das atividades mentais possibilita ao praticante atingir a consciência absoluta e incondicionada.
Segundo a tradição hindu, este estado "não-mente" ou "não-pensar" será entendido como meditação ou contemplação (insighte os antigos sábios (riShis), protegidos pelos Deuses, tiveram a intuição direta "daquilo que é ouvido" (a tal processo denominou-se sruti). Esta é a forma mais pura e verdadeira da transmissão, escrita nos Vedas (Livros da Sabedoria), que se dividem em 4, ou seja: Rig Veda, Sarna Veda, Yajur Veda e Atharva Veda. Nestes Iivros sagrados já se encontram citações sobre o Yoga nos Upanishad (ensinamentos místicos).
E a Patanjali que se atribui a codificação do Yoga no fim do terceiro século antes de Cristo.
Ele confessa no capitulo I, versículo 1 do Yoga-Sutra que, em suma, sua tarefa foi somente a de editar e corrigir as tradições doutrinárias e técnicas do Yoga (Atha Yoganushasanam). Contudo, foi graças a Patanjali que o Yoga passou a ser um sistema filosófico (darshana) na Índia e para o resto do mundo. Entretanto, o Yoga é bem anterior a Patanjali e já tinha sido citado nos Vedas (Upanishad) e nos Shastra (compêndios) tântricos mais antigos.
Portanto, quando nos referimos a Patanjali estamos falando do Yoga clássico que surgiu por volta do séc. IV antes de Cristo. Entre o período clássico e pré-clássico surge um vácuo, que será preenchido pelos três Yogas que descrevemos a seguir, conforme propõe o livro sagrado Bhagavad Gita.

Bhagavad Gita

Bhagavad Gita esta para a Índia assim como o Evangelho de Jesus esta para o Ocidente. Este Iivro faz parte de um Itihasa, ou melhor, uma grande epopéia chamada Mahabharata que descreve uma batalha e o  Bhagavad Gita, por sua vez, é  um capitulo deste grande livro
Bhagavad Gita situa-se, portanto, no período pré-clássico do Yoga e afirma três caminhos (Yogas) para a liberação: Jiiana (do conhecimento), Karma (o da ação) e 0 Bhakti (dá devoção). Isto esta de acordo com a idéia de que o Homem e uma unidade de cabeça, mão e coração, ou os aspectos cognitivo, volitivo e afetivo:

1 - 0 Yoga do conhecimento (Jiiana Yoga)

 Fundamenta-se sobre o discernimento, a intuição de discriminação. As disciplinas yôguicas tem um valor instrumental para restabelecer o espírito em sua pureza inata e permitir, assim, que o conhecimento resplandeça, abolindo para sempre a ignorância congênita, que consiste em ''tomar o que é impermanente por permanente, o que é impuro por puro, o que esta entremeado de sofrimento por felicidade e o que não é o EU, pelo EU verdadeiro.
Esse conhecimento que brota da discriminação trata-se e de um método autônomo e completo para atingir a liberação.
Jnãna Yoga requer altas qualificações por parte do discípulo, como acuidade mental e intelectual, capacidade de raciocinar e um conhecimento profundo das escrituras. Às vezes, Jñana, também e empregada para expressar a mais elevada iluminação produtora da verdade, mas no composto Jñana Yoga e usado no sentido de investigação intuitivo­-filosófica, ou discernimento (Viveka).

2 - 0 Yoga da Ação (Karma Yoga)

Consagrado ao homem na sociedade, aquele que está engajado na ação e ligado por toda sorte de responsabilidades. Deveria então este homem tudo largar, abandonar seus hábitos. para dedicar-se ao Yoga? E o Karma Yoga nos dá a resposta. o homem deve entregar-se de corpo e alma ao trabalho, sem querer os "frutos". Muitas pessoas se afastaram do Yoga porque achavam que tinham que renunciar a tudo e o Karma Yoga evita esta perigosa dicotomia entre contemplação e ação, que tenderia a fazer do Yoga um fenômeno no excepcional e raro, fora do domínio da vida comum. Em poucas palavras, Karma Yoga significa: executar a ação que lhe cabe, sem apego, como diz o Bhagavad Gita (capitulo III, versículos 6 - 8 - 47):
"Realiza a ação a ti prescrita, pois a ação é superior a inação, mesmo tua vida física não saberia sobreviver sem ação".
"Tens direito à ação, mas somente á ação, e jamais a seus frutos; que os frutos de tuas ações não sejam de modo algum tua motivação e, portanto, não permita em ti qualquer apego à inação."

Em outras palavras, o Karma Yoga tem como proposta executar tudo sempre com perfeição, por amor à coisa. Esta noção assegura aoKarma Yoguin a certeza de um bom futuro e uma boa memória do passado, pois caminha no presente pela ação desinteressada, cumprindo seu dever (dharma) com retitude e desapego aos frutos de seus atos.

3 - 0 Yoga do Amor (Bhakti Yoga)
A via da devoção, porem, não-emotiva ou sensual. A devoção torna-se uma forma de meditação, quando o intelecto do discípulo se une com o Senhor, em um conhecimento pleno de amor. Este amor e devoção têm uma potência espiritual interna que eleva o Bhakti Yogui e se converte em uma forma sutil de conhecimento do Divino.

O devoto sente uma paixão crescente pelo Divino, e isto, segundo esta linha de Yoga, ajuda a romper uma barreira após a outra entre o Divino e ele. Este amor crescente culmina na visão do cosmos penetrado e saturado pela realidade transcendente. Quando o divino e o devoto se aglutinam no uno tudo se transforma em supremo amor.

Bhakti é tradicionalmente visto como o caminho mais fácil para a liberação. O verdadeiro bhakta, ou devoto, não vê nada exceto o amor, não ouve nada exceto sobre amor, fala somente de amor e pensa apenas no amor.

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